Poucas relações causaram tanto impacto no mundo da moda quanto a parceria entre Hubert de Givenchy e Audrey Hepburn. A amizade e o trabalho do estilista com sua musa definiram a história da marca, combinando cinema e estilo de uma forma orgânica e inesquecível.
Uma solução prática
Quando Hubert começou a produzir e vender suas primeiras roupas em 1952, sua ideia era criar peças que fossem intercambiáveis, fáceis de vestir e básicas o suficiente para que as mulheres não precisassem ter um closet cheio para estarem sempre bem vestidas.
Em um momento no qual os conjuntinhos e vestidos difíceis e desconfortáveis ainda estavam em alta, suas criações práticas e flexíveis vieram como um presente para as parisienses: as mais atentas logo ficaram sabendo da novidade e assim passaram a aquecer os negócios de Givenchy.
A mulher Givenchy
Assim como Coco Chanel, Hubert também era um observador e admirador das mulheres, idealizando cada detalhe e cada combinação para garantir os melhores resultados estéticos e práticos em termos de qualidade de corte e escolha de tecidos.
Depois de vestir atrizes como Grace Kelly e Elizabeth Taylor, bem como socialites e membros da realeza, foi Audrey Hepburn quem conquistou o estilista Givenchy quando chegou ao seu ateliê pedindo que ele criasse os figurinos do filme em que estrelaria.
Como sua grife estava ganhando cada vez mais destaque no mundo da moda, Hubert recusou a proposta de criar os figurinos do longa Sabrina. Mas a parceria nasceu quando Audrey resolveu experimentar as roupas que o estilista já tinha prontas – ele se encantou imediatamente com elegância e bom gosto da atriz.
A mão e a luva
Audrey foi responsável pela escolha de três looks que se transformaram em grandes ícones das carreiras dos dois profissionais: o vestido Givenchy usado com paletó ajustado e turbante que aparece no início do filme Sabrina, bem como um little black dress acinturado e um vestido de festa Givenchy.
A atriz procurava exatamente aquilo que a marca Givenchy oferecia: não se tratava de uma exuberância de excessos, mas de uma sofisticação traduzida a partir da simplicidade. Era esse o DNA da moda Givenchy com seus looks monocromáticos, cortes perfeitos, golas e decotes criados como molduras para o colo receber uma joia Givenchy, claro.
Para sempre, Audrey e Givenchy
Depois de Sabrina, Hubert então criou os looks que Audrey vestiu nos filmes Cinderela em Paris e o famosíssimo Bonequinha de Luxo, no qual o próprio vestido preto se tornou o protagonista ao reproduzir não só uma ideia de estilo, mas também uma representação de uma mulher forte, destemida e de personalidade insuperável.
Essa era Audrey também fora das telas, uma mulher que ficou conhecida por seu trabalho artístico, mas que também teve muita presença como ativista dos direitos humanos.
Quando chegou à casa dos 80 anos, a atriz adoeceu, mas continuou contando com a companhia inseparável do designer que se tornou seu melhor amigo. Em seu quarto de hospital, Givenchy desenhava novos croquis inspirados na amiga que viria a falecer em 1993. Era o momento também de Hubert se aposentar – sua marca havia sido comprada em 1988 e ele resolveu se afastar em 1995.
Em 2018, porém, foi Hubert quem nos deixou ainda em março. Apesar da triste perda, sabemos que é a partir do legado de estilo e amizade que esses dois grandes artistas permanecem vivos na memória dos amantes da moda e do cinema.