Por Nicollas B. Scarnera
Um fenômeno recente no mundo da moda, Matthew Williams ganhou o reconhecimento internacional com seu design utilitário e construções de luxo, muito influenciadas pela estética do streetwear.
Nascido em Chicago, Williams formou seu portfólio trabalhando como diretor criativo de Lady Gaga e diretor artístico de Kanye West. Quer mais? Em 2012, Matthew Williams integrou o coletivo criativo Been Trill, ao lado de nomes como Virgil Abloh, Heron Preston e Justin Saunders.
Três anos depois, foi a vez do designer trilhar seu próprio caminho na 1017 ALYX 9SM, marca nomeada em homenagem a sua filha. Como sócio, Williams tinha Luca Benini, fundador da boutique italiana Slam Jam é um dos pioneiros do streetwear europeu. No começo, a marca trazia coleções desenvolvidas exclusivamente para o público feminino, mas, em 2017, a linha masculina foi introduzida em um sucesso instantâneo, endossada por celebridades como Travis Scott.
Em 2016, a marca de Matthew Williams foi selecionada como uma das finalistas do LVMH Prize, uma das premiações mais importantes para designers de moda emergentes. O leque de colaborações da ALYX conta projetos desenvolvidos junto a Nike, Mackintosh, Fragment, Rolex e Moncler, entre outras. Williams ainda fora convidado por Kim Jones, seu amigo pessoal, para assumir a criação de acessórios da linha masculina da Dior.
Após uma rápida escalada rumo ao sucesso, o criativo americano alcançou um patamar desejado por qualquer designer: a cadeira de diretor criativo em uma casa de moda tradicional. A escolha da Givenchy por Matthew Williams reforça o posicionamento do grupo LVMH em relação a alta-costura: apostar em novos nomes, culturalmente relevantes em diferentes cenários, para renovar as semanas de moda e o modelo de negócios de suas marcas.
Rihanna, Virgil Abloh e Matthew Williams têm em comum uma bagagem sólida na indústria da música, mas esse não é o único termo. As escolhas feitas pelo grupo LVMH refletem também um importante fator de influência no meio digital, exercido por cada uma dessas pessoas e capaz de alavancar o número de vendas, além firmar a popularidade das marcas em meio a uma nova geração de consumidores.
Mas o que podemos esperar de Matthew Williams na Givenchy? Em entrevista ao The New York Times, o designer declarou que "não vê a hora de trabalhar junto aos ateliers, rumo a uma nova era, baseada em modernidade e inclusão". Espere por desfiles mistos, castings um pouco mais diversos e uma ascensão no mercado de calçados, especialidade de Williams.
O tradicionalismo e a elegância que marcaram época na maison já foram rompidos pelos rottweilers e kilts de Riccardo Tisci. A estética de Williams, por outro lado, pode, de certa forma, resgatar a herança da marca e contextualizá-la em meio a uma alfaiataria contemporânea, sapatos extremamente funcionais e acessórios inteligentes. O design fluido e os recortes geométricos de Clare Waight Keller podem dar vez a roupas mais próximas ao corpo e a uma estética mista de sportswear tecnológico e peças de couro.
A combinação Williams + Givenchy faz muito sentido quando comparada ao posicionamento de outras marcas do grupo, como Dior e Louis Vuitton. O casamento pode resultar em uma Givenchy contemporânea, com voz ativa e relevante, desde o cenário sneakerhead, até a alta-costura francesa. O primeiro impacto dessa nova fase será sentido em Outubro, quando acontecerá o debute de Matthew Williams na Givenchy, durante semana de moda parisiense. Até lá!