Mais do que ter ganhado o Oscar de melhor figurino, o estilo The Great Gatsby trabalhado no filme de Baz Luhrmann trouxe de volta o espírito boêmio e luxuoso da moda anos 20. O grande trunfo do longa, porém, foi incorporar um toque de modernidade ao estilo da década, dando pistas importantes de como é possível adaptar essa inspiração nos dias de hoje.
Moda festiva
Uma das grandes reviravoltas da época foi o cabelo, tanto nos cortes quanto nos penteados para festa. O corte chanel curto e ondulado era a grande moda da década, representado principalmente no estilo das melindrosas, termo usado para se referir a mulheres nascidas no período entre guerras dos anos 20.
Essas mulheres aboliram o espartilho e passaram a usar saias mais curtas. Elas saíam à noite para curtir jazz, tango ou até samba, descartando as condutas femininas tradicionais. Lá fora, elas eram conhecidas como flappers, o mesmo termo usado para se referir a saias e vestidos com franjas, um dos estilos de maior destaque no filme de 2013.
Nas grandes festas oferecidas pelo personagem Gatsby – originalmente apresentado em 1925 no romance homônimo de F. Scott Fitzgerald e representado por Leonardo Di Caprio no filme de Luhrmann – as mulheres desfilavam vestidos flapper acompanhados de acessórios de cabelo feitos em pérola ou pedrarias.
Época de brilho
Enquanto as peças do filme foram desenhadas por Miuccia Prada, o estilo dos acessórios anos 20 foi resgatado nas passarelas recentes de grifes como a Rodarte, Alexander McQueen e Marchesa, além de inspirar marcas de moda noiva, que levaram ainda as cinturas rebaixadas e a maquiagem forte para os casamentos.
E por falar em maquiagem, olhos e bocas demarcados com tons escuros, ou ainda sobrancelhas finas e desenhadas a lápis, são inspirações marcantes na história dos desfiles de marcas como Dior e John Galliano.
Esse drama característico da época também aparece nas roupas anos 20. Para o filme, a personagem Daisy, interpretada por Carey Mulligan, usou vestidos recobertos de cristais Swarovski, representando o lado meigo da década. Já a atriz Elizabeth Debicki incorporou o espírito misterioso e provocativo das melindrosas, frequentemente trabalhado nas passarelas, como visto na coleção de alta-costura do inverno 2016 de Alberta Ferretti.
Desconstruindo os anos 20
Com as saias mídi e os vestidos longos entre as grandes tendências, vários designers passaram a incorporar a moda dos anos 20 através de cinturas rebaixadas e brilhos metalizados. É o caso da coleção de inverno 2017 da Zimmermann, que não só relembrou o estilo das melindrosas, como também adaptou cortes masculinos em blazers desconstruídos e acompanhados de botas over the knee.
O mesmo vale para a primavera da Lanvin, que reinventou os ternos risca de giz masculinos em novos looks longilíneos e andróginos para as mulheres.
Thom Browne também subverteu a referência dos anos 20 em seu desfile masculino de inverno 2016, dando um toque dark e dramático ao estilo do cinema da época com a referência da maquiagem típica do Expressionismo alemão.
Modéstia à parte
E falando em moda masculina, se as roupas femininas da década eram dignas de figurino de cinema, os homens ainda precisavam se vestir de forma bem mais modesta, ou mesmo formal e conservadora, já que chapéus e ternos eram obrigatórios para o convívio social.
Cabelos curtos e bem penteados, ternos impecavelmente cortados e tons terrosos eram a grande pedida, especialmente quando combinados com chapéus masculinos no estilo Panamá, hoje presença garantida em coleções de grifes como a Eleventy. Este chapéu, aliás, foi um dos grandes passos dos homens da época em direção a um dress code menos formal e mais confortável.
Mais uma prova de que a moda anos 20 vem atravessando gerações e gêneros, seja quando é trabalhada à sua maneira original ou quando é desconstruída em suas modelagens e tendências.