Combine uma franjinha com um look despojado e uma personalidade radiante para descobrir o que é o eterno e inspirador estilo Jane Birkin. Nascida em Londres, a atriz, cantora e compositora Jane Mallory Birkin cresceu associada à contracultura inglesa Swinging London e, a partir daí, seguiu conquistando as telonas em filmes psicodélicos dos anos 60.
Foi nessa época que Jane Birkin tentou a sorte também no cinema francês, conseguindo o papel de protagonista no filme Slogan (1969), mesmo sem saber falar a língua. Ao lado de Serge Gainsbourg, ela também gravou a música-tema da obra, inaugurando uma longa parceria com seu mentor e também parceiro pelos 13 anos seguintes.
Jane Birkin e Serge Gainsbourg
Antes desse relacionamento, a atriz já havia sido casada com o compositor inglês John Barry, com quem teve sua filha Kate. O casamento, no entanto, acabou em 1968, logo quando ela conheceu Gainsbourg. Três anos depois, ela deu à luz sua segunda filha, a também atriz e cantora Charlotte Gainsbourg (Birkin também é mãe de Lou Doillon, fruto de seu relacionamento com o diretor de cinema Jacques Doillon).
Apesar da controvérsia e dos rumores em torno do suposto casamento de Birkin e Gainsbourg, que não aconteceu, um de seus looks mais icônicos foi justamente um vestido de noiva feito de crochê. O destaque dado à peça tem relação com a sua simplicidade como contraponto aos vestidos de noiva tradicionais, mas também com a transparência que ironizava o sentido original de pureza.
Essa mesma inspiração do crochê na moda noiva ressurgiu em 2014 nas coleções de designers como Roberto Cavalli e Oscar de la Renta, sendo que mais recentemente, outras grifes, como a Self-Portrait ainda sugeriram versões mais curtas e boêmias do look.
Birkin do futuro
Como resquício da década anterior, a moda anos 70 ainda mantinha seu olhar para um futuro inspirado pela ficção científica, com materiais metálicos e peças geométricas feitas de acrílico.
Foram essas temáticas que acabaram sendo incorporadas no figurino de La Piscine, filme no qual Birkin interpreta uma sedutora e inocente garota de 18 anos, sendo vestida por André Courréges, um dos pioneiros da moda futurista dos anos 60.
Mais tarde, junto de Gainsbourg, a atriz participou de uma campanha de Paco Rabanne em que o casal vestia looks idênticos, ambos metálicos e iridescentes. Considerado na época o enfant terrible da moda francesa, Rabanne era um dos designers preferidos da atriz, que sempre incorporou suas criações em seus looks, especialmente os mais glamorosos durante o fim dos anos 60 e começo dos 70.
Estilo Birkin
Foi justamente esse lado mais sofisticado, apostando em uma versão chic do estilo boêmio, que Jane Birkin popularizou e transformou em sua assinatura pessoal. Seja com seu icônico cropped top de renda branca ou com sua calça jeans flare de cintura alta (modelagem celebrada por grifes como a Amapô), o grande trunfo da atriz era sempre parecer descolada sem precisar de muitos artifícios.
Sem medo de ousar, o estilo Jane Birkin também incluía decotes em V profundos e peças polêmicas, como um vestido preto transparente que usou ao lado de Gainsbourg em 1969
calça Amapô body Bobô
Fogo e palha
Mas ela também tinha um lado mais romântico e rústico e era fã incondicional das bolsas de palha. Foi justamente daí que nasceu a bolsa Birkin, de um encontro entre a atriz e o chefe executivo da Hermès durante um voo de Paris a Londres em 1983.
Depois de Birkin guardar sua bolsa de palha no compartimento superior, seus pertences acabaram caindo, já que o acessório não possuía fecho. Ela explicou a Jean-Louis Dumas que não conseguia achar bolsas de couro que a agradassem e o desafio foi aceito pela Hermès, que lançou a Birkin bag no ano seguinte.
A bolsa Birkin Hermès ficou tão famosa que acabou se tornando uma das peças mais desejadas pelas fashionistas, tendo até hoje uma fila de espera sem fim. Para além de um episódio inteiro de Sex and the City dedicado à bolsa, grandes nomes da moda, como a estilista Victoria Beckham, estão entre os poucos colecionadores do produto.
Birkin, contudo, não perdeu a oportunidade de ironizar a situação, dizendo que a bolsa criada em sua homenagem servia como "um ótimo chapéu para chuva, basta colocar todas as outras coisas dentro de uma sacola de plástico".
Controversa e andrógina
No fim da década de 70, Birkin resolveu abandonar os cabelos longos e a franja delicada para adotar um estilo andrógino durante seu trabalho no filme Je T'aime... Moi Non Plus, também ao lado do marido.
Ao interpretar Johnny, funcionária de um café de beira de estrada, ela deixou para trás toda sua aparência feminina, boêmia e chique para adotar roupas masculinizadas, como jeans, camisetas largas e regatas sem sutiã.
Em 2016, aos 69 anos, Birkin retornou ao mundo da moda com toda potência, estrelando uma campanha da Saint Laurent, revivendo seu visual andrógino com terno e camisa branca e mostrando que quem é musa de verdade nunca perde seu lugar no Olimpo da moda.