Uma mulher, múltiplas faces. Aos 34 anos, Alexa Chung provou que pode ser modelo, apresentadora de TV, ícone de estilo, escritora – com o lançamento do seu primeiro livro, It, em 2013 - e estilista com o lançamento da sua própria marca. Com uma trajetória tão diversificada, o estilo Alexa Chung conquistou não só a mídia como principalmente a internet.
Foi a partir de blogs e páginas no Tumblr que Alexa alcançou sua posição como referência de moda e personalidade. A sua espontaneidade e energia são enfatizadas sempre que ela dá entrevistas e servem como fonte de inspiração para mulheres de todas as idades.
Suas milhões de seguidoras nas redes sociais ajudam a transformar tudo o que ela usa em tendência instantânea – sapatilhas Charlotte Olympia, golas no estilo Peter Pan e acessórios com pegada masculina, como sapatos oxford e brogues, para citar apenas alguns.
Um espelho de suas raízes
Essa pergunta foi apresentada por uma das resenhas do seu livro. Em resposta, Alexa disse: “Gosto de pensar que o motivo das pessoas não saberem o que faço é porque faço muitas coisas”. Ou seja, é justamente essa diversidade que a faz se sentir completa e que define seu estilo.
Mas a confusão e curiosidade que Alexa levanta não partem apenas dos seus trabalhos. O seu sobrenome também provoca discussões, já que a it girl não carrega traços asiáticos. A verdade é que seu pai, Philip Chung, tem ascendência chinesa e a sua mãe é inglesa.
Ao crescer em uma casa de artistas, Alexa desenvolveu seu olhar crítico. “Cresci em uma família muito visual. Meu pai e minha irmã são designers, meu irmão é um arquiteto incrível, além de compor músicas. Acho que, na nossa família, a aparência das coisas é uma parte importante de quem você é”, diz.
Além de moda, Alexa ainda dedica boa parte do seu tempo à música, um dos temas mais marcantes em seu livro.
Hipster pop
Para ela, não há diferença entre gostar de música e moda: ambas estão interligadas. Apesar de se reconhecer em um estilo indie, ela acredita que também tem um lado pop. “Hoje não há muita diferença entre as duas categorias. Antes, isso era mais evidente, mas hoje todo mundo se veste como hipster.”
Ícone não só do estilo hipster como também do geek chic, a proposta Alexa Chung street style combina o conforto da moda masculina despojada com referências da moda tradicional e também da feminilidade da década de 60. “Amo os anos 60 e gostaria que a moda tivesse parado em 1967”, confessa.
Por outro lado, a it girl também não deixa de apoiar as grifes britânicas, seja como consumidora, designer ou ainda estrela de campanhas, como a que lançou para Stella McCartney.
Mulher inspiradora, Alexa já foi elogiada por grandes nomes, como Karl Lagerfeld e Anna Wintour, além de ter sido homenageada pela Mulberry na criação da bolsa Alexa, um dos maiores sucessos da história da grife.
O lançamento da bolsa foi uma celebração do seu estilo, já que Alexa tem, praticamente, bolsas de todas as cores em todos os tamanhos e formatos, especialmente do tipo satchel.
Seu estilo à venda
Com o sucesso da colaboração com outras marcas, chegou a vez de Alexa lançar a sua própria coleção, que leva o seu nome e as suas ideias.
“Eu queria a liberdade de fazer algo meu sem ter que seguir o briefing de outra marca”, disse.
A ideia surgiu em 2016, mas apenas em maio de 2017 a primeira coleção foi lançada em um desfile transmitido ao vivo no site da label. A estreia da Alexa Chung trouxe 150 peças, entre sapatos, roupas e acessórios.
Com o projeto de lançar 4 coleções diferentes por ano, Alexa traz uma confiança adquirida a partir do seu trabalho com outras marcas famosas e constrói uma identidade pessoal no mundo da moda.
A nova label traz peças com silhuetas essenciais para o guarda-roupa feminino mas com uma nova interpretação para peças básicas, além de contribuir com um toque divertido e atenção especial para o equilíbrio entre masculinidade e feminilidade nas roupas.
Inicialmente, Alexa comandou um time de 6 designers, que têm um passado importante no mercado de moda de luxo. Também contará com Edwin Bodson, que já foi chefe do ateliê da marca Haider Ackerman, que agora atuará como Diretor Executivo da marca.
Entre Nova York e Londres, Alexa aprendeu a admirar o visual das americanas e adequá-lo às suas origens britânicas. Enquanto acredita que nos Estados Unidos as mulheres sejam mais sofisticadas, ela traz a excentricidade e o estilo despojado das suas conterrâneas inglesas.
Nesse sentido, o estilo Alexa Chung acaba mesclando um pouco das duas capitais mundiais para compor um look hipster que, no entanto, não dispensa a sofisticação e criatividade das grifes, seja nas combinações do dia a dia ou no tapete vermelho.
A quarta coleção e a mais recente da label estreou em abril de 2018, em Tóquio. Chamada Virginia, a inspiração vem da casa de campo do Bloomsbury Group, uma reunião de escritores, filósofos e artistas do início do século 20, que incluem personalidades como Virginia Woolf, John Maynard, Keynes, E. M. Forster e Lytton Strachey.
As novas peças foram imaginadas para o cotidiano desse grupo de intelectuais, já os convidados podiam percorrer os diversos cenários montados, no qual os modelos interpretaram cenas do dia a dia destas pessoas.
O espírito de uma vida do campo, com peças únicas que materializam a arte, a coleção é uma ode às manifestações artísticas.
Tal como Alexa
Vencedora do prêmio British Style Icon por três anos, o segredo de estilo de Alexa está, mais uma vez, em sua espontaneidade. Depois de ter sido punk aos 17 anos, hoje ela diz que aprendeu a se vestir mais como ela mesma, mas sem deixar de incluir elementos rocker, como peças da Saint Laurent.
Em uma entrevista, a it girl disse que as pessoas não se arriscam. “Elas estão com medo de que algo não esteja na moda, mas você deve sempre se divertir com a moda e vestir o que quiser”, explicou, afirmando também que adora vestir macacão, peça que acabou se tornando indispensável em seu estilo.