Pierre Balmain costumava descrever a arte de fazer roupas como “arquitetura do movimento”. A definição pode ser estendida à marca Balmain, criada pelo estilista francês que nasceu em Saint-Jean-de-Maurienne em 1914 e morreu em Paris em 1982.
Junto com Dior e Balenciaga, Pierre Balmain formou o centro pós-guerra da indústria da alta-costura na França. Até conquistar um lugar definitivo na moda francesa, Balmain foi aprendiz do costureiro Edward Molyneux (1891-1974) em Paris, por cinco anos, e colega de Christian Dior na maison de Lucien Lelong entre 1939 e 1944. Abriu o seu próprio atelier em 1945.
Foi na década de 50 – mesmo período em que teve Karl Lagerfeld como seu assistente por três anos – que o estilista escreveu a história Balmain. Ele se especializou em saias usadas com casaquinhos esguios e ainda nos vestidos Balmain que encantaram estrelas de Hollywood como Ava Gardner e Katharine Hepburn. Poucas celebridades da época resistiram aos trajes de noite assinados pela maison, com seus drapeados e plissados em tecidos luxuosos repletos de bordados e estampas.
Assim como o New Look criado por Dior em 1947, a silhueta feminina idealizada por Balmain se tornou parte indissociável da moda de luxo do pós-guerra. Com a morte do estilista, apesar do prestígio, a etiqueta passou por tempos difíceis. Oscar de la Renta chegou a encabeçar a marca, uma parceria que durou pouco menos de 10 anos.
Balmain, versão anos 2000
Em meados dos anos 2000, a marca Balmain voltou aos holofotes graças ao trabalho do designer Christophe Decarnin, que ficou conhecido por investir em um estilo que remetia à herança couture de Balmain, misturando essas referências com o universo do rock.
Decarnin criou coleções inspiradas em músicos e fashion icons como Prince e Michael Jackson. Para a crítica especializada, o seu estilo teve altos e baixos, mas uma nova geração de clientes se apaixonou por suas peças icônicas, como jaquetas Balmain que remetiam a Sid Vicious, da banda inglesa Sex Pistols, e aos figurinos de Michael Jackson nos anos 80.
Com a saída de Decarnin em 2011, a marca foi assumida por Olivier Rousteing, então seu assistente. Um dos poucos estilistas negros da atualidade, Rousteing estudou na École Supérieure des Arts et Techniques de la Mode, em Paris, e viveu um período na Itália, onde chegou a comandar o pret-à-porter de Roberto Cavalli. Ele passou a dar seu toque pessoal à marca feminina e também às coleções masculinas da Balmain.
A assinatura de Rousteing
Além de apresentar peças-desejo como os jeans Balmain e os tops e blusas Balmain, os castings das campanhas assinadas pelo diretor criativo reúnem os modelos mais disputados do mundo da moda.
Para a campanha de primavera-verão 2017 clicada por Steven Klein, Olivier Rousteing juntou a brasileira Isabeli Fontana com a russa Natasha Poly e a holandesa Doutzen Kroes. Entre os rapazes, o estilista escalou os tops Jon Kortajarena, Tony Ward e Gabriel Aubry. O shooting foi realizado em uma estrada deserta na Califórnia, com direito a megafones e grandes caixas de som – coisas da direção de Pascal Dangin.
Balmain para mulheres
A mistura do luxuoso com o urbano que hoje compõe a identidade da marca Balmain é levada às passarelas com muito talento por Rousteing. As coleções mais recentes apresentam uma mulher que transita entre o glamour e a tradição da grife francesa.
Na linha outono-inverno 2017 apresentada em março na Semana de Moda de Paris, a marca feminina assumiu o seu lado amazona. Entre jaquetas e a calça Balmain, a grife mostrou recortes com couro, devorês, tiras e franjas. Para arrematar os looks, botas altíssimas, estilo cuissarde, conforme pede a tendência.
Balmain para homens
Pierre Balmain sempre enfatizou a alfaiataria magistral e a riqueza de detalhes – e essas características marcam presença ainda hoje nas coleções masculinas da grife. Desde que assumiu o cargo de diretor criativo, Rousteing empresta ao estilo Balmain masculino uma bem-sucedida dose de extravagância, sem medo do excesso de bordados e detalhes complexos.
O outono-inverno 2017 apresentado na Semana de Moda Masculina de Paris é tudo isso e mais um pouco, com a diferença de que, agora, o estilista promove um retorno ao rock proposto por seu antecessor. Heavy metal, Prince, George Michael e Freddie Mercury povoam as referências, que se expressam no minucioso trabalho de criação de peças em matelassê, ou ainda camufladas, bordadas e drapeadas, com silhueta volumosa na parte de cima e justa na parte de baixo.
Blusa de tricot Balmain masculino
Balmain infantil
Recentemente, a marca passou a fazer parte também do universo infantil. Desde o início de 2016, crianças de 6 a 14 anos podem usar Balmain Kids– a linha assinada por Rousteing traz 55 peças para meninos e meninas.
A coleção inclui sapatos em miniatura, iguais aos desfilados na passarela, além de jeans, jaqueta perfecto acolchoada, casaco de pele e top com animal print, entre outros itens que se tornaram desejo entre garotos e garotas. Estilo, afinal, começa cedo.