A marca Marni está para a moda assim como Picasso está para as artes: tudo é moderno e hipnotizante. É quase impossível desviar os olhos dos looks com mistura de cores improváveis e mix de estampas – sempre com um resultado harmônico – que são assinatura da grife.
Criada pela estilista Consuelo Castiglioni em 1994, a marca passou, em 2013, a fazer parte do portfólio do grupo OTB, de Renzo Rosso, que detém outras etiquetas de vanguarda, como Viktor & Rolf e Maison Margiela.
Em 2016 veio a primeira reviravolta: Consuelo saiu da direção criativa e Francesco Risso, ex-braço direito de Miuccia Prada, assumiu um dos postos mais cobiçados da moda italiana.
O futuro é agora
A estreia do estilista aconteceu na coleção de outono 2017 da moda masculina Marni e já deu pistas de que a verve avant-garde continua.
Risso mostrou de cara que é PhD na mistura de estampas, padronagens e texturas, e defensor de uma alfaiataria oversized, com predomínio das formas casulo.
Na sequência, o feminino corroborou a ideia, com uma das melhores cartelas de cores das passarelas: amarelo desbotado com azul royal, azul com rosa pálido, roxos, verdes e florais, território por excelência da marca Marni. Foi uma espécie de homenagem a Consuelo e a Miuccia, ao mesmo tempo. “A Consuelo sempre tentou libertar homens e mulheres de estereótipos. Ela criou mulheres muito inspiradoras”, explicou o designer.
Moda estampas
Mulheres que não têm medo de ousar, como Anna Dello Russo, são as principais fãs da grife. A editora da Vogue Japão usa e abusa de peças como casacos com ombros arredondados, repletos de estampas da moda, e vestidos Marni com padronagens diversas e assimetrias. É informação de moda para dar e vender.
Sim, esqueça o minimalismo. No universo da marca, nada é menos – das bolsas Marni às sandálias Marni, tudo tem um detalhe de impacto, seja ele uma alça de macramê amarela ou pelos saindo da palmilha de uma papete.
É um estilo italiano, sim, mas que preza pelo teatral, com roupas que não são apenas roupas. “Somos mais do que apenas moda, estamos abertos ao mundo e queremos que as pessoas experimentem isso”, costumava dizer Consuelo sobre a marca que criou.
Passado presente
Outro traço forte da Marni é um apreço pelo estilo vintage em meio a uma atmosfera notavelmente moderna. É um paradoxo que só grandes estilistas conseguem alcançar.
Pegue como exemplo a coleção de primavera 2018, em que Francesco Risso dá praticamente uma aula de história da moda do século 20: os cocktail dresses do pós-guerra estão lá, redesenhados, assim como joias de pérolas, kitten heels e casacos que poderiam ser de nossas avós.
“Pense em todas as grandes proporções e na estranheza artística e sexy da Marni, com aquelas roupas que as meninas cool adoram”, resumiu a crítica de moda Sally Singer.
Esquadrão da moda
Se você vir, portanto, mulheres usando meias com sandálias plataformas, bolsas coloridas e silhuetas amplas, a chance de elas estarem vestindo Marni é grande.
Mas também dá para aderir a esse estilo de vanguarda em pequenas doses. Um bom começo é investir em um dos tênis Marni de neoprene. Coloridos e ultrafashion, eles atualizam até uma saia lápis. No inverno, experimente um casaco de pelos colorido, usado com um vestido de estampa geométrica e sneakers.
Aliás, o mix entre peças mais luxuosas e outras esportivas é a cara dessa moda italiana de vanguarda que a marca Marni representa tão bem.