Nascido na Bélgica em 1968, Raf Simons estudou Desenho Industrial e se dedicou a uma carreira como designer de mobiliário e decorador de interiores antes de se tornar um dos estilistas mais influentes do país – e do mundo.
Foi em 1995 que ele começou a trocar os móveis pela moda e lançou a primeira linha de moda masculina Raf Simons, iniciando uma carreira de sucesso em que suas habilidades de autodidata nunca passaram despercebidas.
Parcerias de sucesso
Além da marca própria, ele levou a sua moda minimalista para outras grifes. O estilista atuou por sete anos como diretor criativo da Jil Sander.
Em 2007, a editora de moda do The New York Times, Cathy Horyn, descreveu a coleção de inverno da Jil Sander como “perfeita”. Prova da excelência no minimalismo e do cuidado na alfaiataria assinada por Simons.
Ele só deixou a label ao ser convidado para substituir John Galliano na Dior, onde trabalhou de 2012 a 2015.
Do prêt-à-porter ao luxo
No período em que atuou como diretor criativo da Dior, o estilista – que vinha de uma trajetória em prêt-à-porter – encarou o desafio de criar modelos exclusivos em escala artesanal e imprimiu um novo olhar à etiqueta francesa. Simons assumiu o posto depois de mais de um ano de especulações – Marc Jacobs, Alexander Wang e Riccardo Tisci apareciam entre os nomes cotados para o cargo. Mas foi Raf Simons o escolhido para integrar a equipe, elogiado pelos críticos e celebrado por sua técnica impecável.
Desde 2017, o designer, que mora e trabalha em Nova York, empresta seu olhar inovador à grife Calvin Klein, onde vem exercendo uma estética minimalista que agrada em cheio a um público ávido por um guarda-roupa cool e chique. O belga substituiu Francisco Costa, que ficou na Calvin Klein por mais de dez anos.
Um novo olhar sobre a América
“This is not America” foi o mote da sua coleção de estreia. Ao som da música de David Bowie (e trechos de Roy Orbison e Ramones, entre outros artistas), o estilista lembrou o tempo em que os Estados Unidos eram a principal referência de cultura pop para o mundo inteiro. Assim, peças básicas, como o jeans, adquiriram um status simbólico ao remeter à importância do tecido para o país.
Em sua primavera 2018 para a Calvin Klein, Simons seguiu explorando a temática americana e se aprofundou no tema homenageando as musas dos filmes de terror. Mas enganou-se quem pensava que ele apostaria em uma atmosfera obscura. Em vez disso, levou à passarela vestidos superfemininos e peças estampadas com obras de Andy Warhol, muitas vezes lançando mão de uma mistura de cores improváveis. Saias volumosas, plumas e botas de caubói também marcaram presença.
Identidade própria
Outra linha que ele comanda, a Calvin Klein 205W39NYC, antes chamada de Calvin Klein Collection, traz criações que representam o passado icônico da marca, ao mesmo tempo em que propõe novas silhuetas e composições repaginadas – tudo com o charme impactante que só Simons sabe criar.
Inspirada por subculturas jovens, a estética do estilista é inovadora e esportiva, privilegiando uma paleta neutra que passa pelo cinza, preto e branco.
Suas linhas mais recentes revelam roupas com toques de alfaiataria, componentes gráficos monocromáticos e detalhes artísticos – uma combinação única de elementos que ajudou o belga a ser eleito o melhor designer do ano nas categorias vestuário feminino e masculino pelo Council of Fashion Designers of America (CFDA) em 2017. Pode parecer muito, mas, quando se trata de Raf Simons, é apenas o começo.
Prada
No início de 2020, Miuccia Prada fez um anúncio histórico: Raf Simons dividiria a direção criativa da marca com a Signora Prada! A estreia da dupla encabeçadora da nova coleção aconteceu no desfile de SS21 da grife, feito 100% a distância, seguindo os novos formatos de desfiles por conta da pandemia do novo Coronavírus.
Após a apresentação, Miuccia e Raf sentaram-se para um bate papo sobre este novo momento e bateram um recorde: foram 58 milhões de visualizações na trasmissão online, tanto do desfile, quanto da conversa entre os gigantes da moda, número 16 vezes maior do que no fashion show anterior, de FW21. Incrível, não é mesmo?