A despeito do estilo ladylike, do rosto de boneca e da história de princesa que poderiam sugerir uma mulher tradicional da década de 50, Grace Kelly expressava posturas feministas e nunca deixou de lutar pelos seus sonhos. “Sou basicamente uma feminista. Acredito que as mulheres podem fazer o que quiserem".
Foi assim que a garota nascida na Pensilvânia decidiu, logo após terminar o colegial, em 1947, que entraria para a indústria do show business.
Destemida, fez as malas e partiu rumo à Nova York para tentar a sorte. Com uma beleza atemporal, não demorou muito para ganhar atenção – logo começou a trabalhar como modelo, fazendo sua estreia na Broadway em 1949.
Quem foi Grace Kelly
Com ascendência irlandesa e alemã, Grace não era apenas um rosto bonito. Seu trabalho no cinema lhe rendeu o Oscar de melhor atriz com o filme The Country Girl (Amar é Sofrer) de 1954. Suas parcerias no cinema também foram significativas – atores como Gary Cooper (Matar ou Morrer, 1952), Clark Gable e Ava Gardner (Mogambo, 1953) e Frank Sinatra (Alta Sociedade, 1956) fazem parte da lista de astros com quem contracenou.
Mas, certamente, foi o diretor Alfred Hitchcock quem a transformou em musa inspiradora, valorizando seu talento, seu ar aristocrático e seu apelo misterioso reforçado pelos lenços de seda amarrados no cabelo. Sob a direção de Hitchcock, a atriz estrelou filmes memoráveis, como Disque M para Matar (1954) e Janela Indiscreta (1954), se consagrando como uma das maiores estrelas do cinema.
Grace Kelly – filme
Mais tarde, Grace ganhou uma versão da boneca Barbie e serviu como tema de livros. Ela também foi tema do filme Grace: A Princesa de Mônaco, com Nicole Kidman no papel principal.
Antes mesmo de se casar com o Príncipe Rainier de Mônaco, Grace Kelly já esbanjava um estilo digno de realeza, com direito a designs e marcas célebres. Joias exuberantes, bolsa Hermès – batizada, posteriormente, de Kelly em sua homenagem – twin-sets e vestidos de alta-costura assinados pela Dior. Sem esquecer dos figurinos icônicos criados por Edith Head, uma das figurinistas mais famosas de Hollywood, que faziam parte do cotidiano da atriz.
No inverno, o estilo Grace Kelly também chamava bastante atenção: capas, suéteres com gola V e casacos de pele criavam produções atemporais. Seus looks, fotografados à exaustão, servem de referência até hoje.
Fashion icon
Vestidos esvoaçantes com ombros de fora ou looks femininos com saia evasê e estampas florais eram as suas maiores apostas. Os drapeados e a paleta de cores delicadas, como o verde e o azul pastel, também marcavam seus looks, criando o visual etéreo que anteciparia o estilo da princesa Grace Kelly.
Além dos vestidos, o estilo Grace Kelly comportava os clássicos da época que acabaram se transformando em peças icônicas ao longo dos anos. Biquínis de cintura alta, camisa, calça cropped e mocassim foram tendências que tomaram conta dos anos 50 e que voltaram com tudo em 2017.
Como exemplo de elegância discreta, a atriz também deu lições de como usar o acessório certo na hora certa. Ela apostava em brincos solitários de diamante e colares de pérola para brilhar em eventos formais, ou óculos de sol estilo gatinho para valorizar looks casuais do dia a dia.
Favoritos
Ícone de moda e beleza, Grace tinha predileção pelo verde-água que ressaltava seus cabelos loiros e olhos azuis – foi com um vestido de seda nesse tom, criado por Edith Head, que ela recebeu o Oscar de melhor atriz em 1955.
Estampas femininas, como o poá, eram outra marca registrada da atriz e princesa. Para anunciar o seu noivado com o Príncipe de Mônaco, ela usou um vestido rosado com poá no mesmo tom, levemente cintilante, compondo um look discreto e refinado com um contraste sutil.
Grace Kelly também não tinha receio de repetir seus favoritos, como o jeans usado com seu antigo casaco caramelo. “Ela entendeu que estilo fazia parte do trabalho”, disse o historiador de moda Bronwyn Cosgrave.
De Hollywood a Mônaco
Foi durante o festival de Cannes, em 1955, que a atriz conheceu o Príncipe Rainier. No ano seguinte, eles se casaram em uma cerimônia que ficou marcada como "o casamento do século".
O vestido de noiva de Grace Kelly foi criado por Helen Rose, outra figurinista americana de renome. Seu design, um dos mais memoráveis de todos os tempos, contou com gola alta, mangas compridas de renda, saia volumosa de tafetá de seda, adornos de pérola e véu catedral.
Ao longo dos anos, o vestido Grace Kelly tem sido fonte de inspiração para várias noivas e designers, como Sara Burton, diretora criativa da grife Alexander McQueen, responsável pelo vestido de noiva de Kate Middleton.
Ao se mudar para Mônaco, a princesa Grace Kelly assumiu um visual prático e refinado com estampas gráficas e calças que ainda eram pouco usadas por mulheres da realeza. Ao contrário do tradicional preto e branco, ela preferia os azuis, rosas e cinzas claros, valorizando ainda mais a feminilidade icônica que perdura até hoje.