Herdeira da realeza cultural britânica, Stella McCartney conquistou sua posição de ícone fashion mundial por mérito próprio. Após duas décadas lançando tendências de estilo e comportamento, não seria exagero dizer que seu legado para a moda britânica é proporcional ao de seu pai, o ex-Beatle Paul McCartney, para a música, e ao de sua mãe, a estilosa Linda McCartney, para o ativismo ecológico.
É impossível pensar na designer sem lembrar de pelo menos um hit, como a bolsa Falabella ou sapato Elyse - que colocou as flatforms na lista de desejo das mulheres de todo o mundo.
Também seria impossível falar em Stella McCartney e não destacar seu comprometimento com o direito dos animais. Juntamente com um design moderno e desejável, esse é o pilar do DNA de sua grife – talvez a única do planeta a ter eliminado completamente o uso de couro e pele animal sem perder nada em estilo.
Nasce uma estrela
Seu interesse em moda começou cedo, enquanto ela viajava o mundo com seus pais – ambos integrantes da banda Wings. Aos 13 anos, ela começou a fazer suas próprias roupas e três anos depois ela já estagiava na icônica maison Christian Lacroix.
O diploma foi conquistado em 1995 pela Central Saint Martins, com direito a Kate Moss, Yasmin Le Bon e Naomi Campbell desfilando para o seu teste final. O sucesso foi tanto que a coleção inteira foi comprada e vendida pelas lojas de departamento mais famosas do mundo, como Browns e Joseph.
Já a habilidade na alfaiataria foi adquirida após algumas aulas com o tutor Edward Sexton, um dos profissionais mais conceituados da célebre Savile Row – a rua londrina preferida dos lords ingleses. Lá, ela aprendeu as técnicas que resultam hoje em terninhos impecáveis, assimetrias elaboradas e drapeados perfeccionistas. “O importante não é uma roupa parecer linda na passarela, mas cair bem em quem a veste nas ruas”, define.
Carreira meteórica
Em 1997, Stella Nina McCartney substituiu ninguém menos que Karl Lagerfeld na direção criativa da Chloé, onde reinterpretou os códigos da tradicional grife francesa com sua indefectível alfaiataria fluida e uma sensibilidade singular para unir o chic e o descomplicado.
Após deixar sua marca na história da maison francesa, Stella lançou sua etiqueta própria em 2011 com financiamento do grupo Kering. "Eu conheço a Stella há anos. As roupas dela têm um apelo extremo para mulheres do mundo todo, e estamos honrados de incluir sua grife no nosso portfólio”, disse Tom Ford, que na época era diretor criativo do grupo.
Com a liberdade criativa total recém conquistada, Stella chamou a atenção apresentando um desfile 100% ecológico em sua primeira coleção, no verão de 2002, que trouxe matérias-primas recicladas, como garrafas PET.
Aos 45 anos, a estilista é uma das principais vozes da indústria a defender a sustentabilidade. “Perguntar-se como um vestido é feito, onde ele é feito e que materiais são usados é trabalho dos designers”, resume ela. “Acredito que a única maneira de criar uma moda sustentável é continuar fazendo essas perguntas, sem deixar de garantir que as roupas e acessórios continuem lindos, desejáveis e luxuosos”, explica.
Think green
A visão eco-friendly que define o Stella McCartney style acabou se revelando o grande diferencial da marca.
Foi essa postura convicta que a ajudou a criar produtos inovadores, zelando pela qualidade de cada peça. “Desenho roupas feitas para durar. A cada item e a cada coleção me pergunto como fazer isso de um jeito mais sustentável. É um esforço constante para melhorar”, afirma ela.
O investimento em pesquisa deu resultado e, desde 2013 ela faz do Eco Alter Nappa (um material feito de poliéster e poliuretano) sua alternativa ao couro animal. Da mesma forma, o algodão e a lã usados em suas roupas são orgânicos e certificados, e a maior parte de seus célebres acessórios é confeccionada utilizando mão de obra especializada na Itália.
Esporte deluxe
Longe dos holofotes, o estilo de vida de Stella McCartney reflete a sua moda – vibrante, porém discreta. Casada com o consultor criativo Alasdhair Willis, mãe de quatro filhos e obviamente vegetariana, ela é membro do Peta, ativista do Fashion Revolution Day e do Meat Free Monday, que convida as pessoas a abrirem mão do consumo de carne pelo menos uma vez na semana.
Esportes também estão no seu radar e complementam um lifestyle fundamentalmente saudável. E este traço fitness também reverbera em seu trabalho: a bem-sucedida parceria com a Adidas by Stella McCartney já tem mais de 11 anos e, para as Olímpiadas do Rio 2016, as duas potências da moda se uniram para criar os uniformes da equipe britânica.
Além de uma cuidadosa pesquisa de materiais para combater o calor carioca, Stella adiantou: “Incluí muito zipper nos bolsos, golas elaboradas, coisas que os atletas muitas vezes não considerariam. Investi nos detalhes para contribuir criativamente da melhor forma que eu pude", torce a designer. Fã do universo atlético ou não, valerá a pena sintonizar os canais esportivos e conferir o resultado.