Quem é Kaiser nunca perde a majestade. Um dos mais aclamados designers do mundo, o estilista Karl Lagerfeld nasceu em 1933 em Hamburgo, na Alemanha e hoje, aos 84 anos, continua mais relevante e atual do que nunca.
Da Alemanha para o mundo
Herdeiro de uma família tradicional e produtora de leite evaporado, Lagerfeld trocou seu sobrenome, originalmente Lagerfeldt, de modo que se tornasse "mais comercial". Isso já diz muito sobre a personalidade do profissional, que logo aos 14 anos se mudou para Paris para poder se dedicar ao estudo da moda.
Depois de dois anos mandando esboços e amostras de tecido para competições de design, Karl Lagerfeld eventualmente acabou ganhando o primeiro lugar em uma competição na categoria casacos. Foi nesse evento que ele conheceu outro vencedor (na categoria vestidos), o estilista Yves Saint Laurent, que se tornou seu amigo próximo.
Em seguida, Lagerfeld passou a trabalhar como assistente de Pierre Balmain. O estilista permaneceu na grife por três anos antes de mudar para a marca Jean Patou em 1958, onde desenhou coleções de alta-costura por cinco anos.
Profissional multifacetado
As posições abriram caminho para Lagerfeld em grifes como Chloé e Fendi. A parceria com a Fendi já dura mais de 50 anos – foi ele que inventou o logo com as duas letras "F", além de ter trazido várias inovações no campo das peles, como o uso de cores vivas e novas técnicas.
Como consequência de seu trabalho visionário, o estilista logo conquistou um posto de estrelato na indústria da moda, se aventurando também pelo mundo das artes – ele se tornou amigo de Andy Warhol e atuou em um filme do artista em 1973.
Tal versatilidade fez com que Karl Lagerfeld se tornasse um exemplo de profissional capaz de resgatar e impulsionar diferentes grifes, como foi o caso da Chanel nos anos 80, quando a marca passava por uma crise.
Com a reconfiguração de Lagerfeld, a marca criada por Coco Chanel logo retomou seu fôlego no mercado a partir da chamada "sensualidade intelectual" do alemão. Desde então, a história Karl Lagerfeld também passou pela fotografia, assim como pelo lançamento da grife que leva seu nome, mais tarde vendida para o grupo Tommy Hilfiger.
Visionário do passado
Nos últimos anos, o estilo Karl Lagerfeld na Chanel vem impressionando com um olhar muito além do seu tempo. Isso vai desde as combinações ousadas propostas pelo estilista, como a ideia hi-lo do tailleur com tênis, até um desfile aberto por modelos vestidas de robôs, como aconteceu durante a apresentação da coleção de primavera 2017.
Para este ano, foi com um retorno à Grécia Antiga na coleção resort 2018 que a Chanel demonstrou seu olhar futurista, porém ainda muito apegado ao passado, assim como a própria moda Karl Lagerfeld: apesar de saber muito bem traduzir o presente e suas tendências, ele também é fã de brechós e antiquários. O importante, porém, é deixar a sua marca: “O que eu mais gosto de fazer é algo que ninguém nunca fez antes”, diz ele.
Desfile performático
E é por isso que Lagerfeld vem investindo em desfiles performáticos. Muito além da cenografia nas passarelas das semanas de moda, é o ambiente que cria em suas apresentações que as torna grandiosas. Para este outono, o designer pôs suas modelos para desfilar sobre um chão coberto de folhas secas no Grand Palais, em Paris, e resgatou a silhueta da Era Eduardiana em sobretudos longos e vestidos de comprimento midi.
Nostálgicas e muito semelhantes à moda dos anos 70, as recentes criações de Lagerfeld para linha de alta-costura da Chanel demonstram a sua vontade de tornar a grife mais acessível – o que o aproxima ainda mais de Coco Chanel, que idealizou roupas descomplicadas que ajudaram na liberação e no empoderamento feminino. Incansável como sua antecessora, Karl Lagerfeld continua inovando com a criatividade que segue surpreendendo o mundo da moda.