A marca Marc Jacobs traduz há mais de 30 anos a personalidade única e irreverente do estilista americano – que paralelamente vem emprestando seu talento à direção criativa de diferentes grifes importantes.
Prodígio da moda
Nascido em 1963, Jacobs iniciou-se no mercado da moda ainda aos 15 anos, quando trabalhou como estoquista da antiga Charivari. Mais tarde, em 1986, já cursando moda na Parsons, o estilista lançou sua primeira coleção que daria início à grife que criou junto ao seu parceiro criativo, Robert Duffy.
Isso lhe rendeu o prêmio de novos talentos do CFDA (Conselho Americano de Designers de Moda). Detalhe: ele foi o mais jovem fashion designer a ganhar a honraria.
Junto de Duffy, Jacobs ainda trabalhou para a Perry Ellis até 1993, quando a grife decidiu encerrar a colaboração. O motivo teria sido a histórica coleção com influência grunge, que desagradou à marca.
Ousadia criativa
A essência do estilista, que também permeia o estilo Marc Jacobs masculino, traduzia o espírito grunge e rocker da época criando roupas que emulavam os figurinos de bandas americanas como Nirvana e Soundgarden, como bermudas xadrez até os joelhos, moletons e coletes.
A ousadia rendeu a demissão da Perry Ellis, mas garantiu notoriedade mundial ao seu autor e tornou sua grife epônima uma marca internacional.
Com sua marca famosa atingindo outros mercados, como o Japão, ele também ganhou a aprovação de Anna Wintour, conquistando as páginas da Vogue – o que impulsionou sua carreira dividida entre criações autorais e a contratação pela marca centenária Louis Vuitton, em 1997. Lá, o designer encontrou um espaço não só para aprender com a tradição, mas também para reinventá-la.
Na contramão
Foi na LV que Jacobs teve a oportunidade de trabalhar ao lado de artistas contemporâneos como Takashi Murakami e Kanye West, transformando a grife, até então conhecida apenas por seus acessórios, em um ícone da moda de luxo.
A arte se tornou uma forte referência em suas coleções e isso tudo se deu com Jacobs negando as tendências. Um caso icônico aconteceu em 2004, quando o estilo safári dominante foi substituído pelo designer ao lançar uma coleção extremamente feminina com bolsas estampadas com rosas.
Nesse meio tempo, Jacobs ainda lançou a Marc by Marc Jacobs em 2001, um projeto ao qual se dedicaria mais com a saída da Louis Vuitton, anunciada no fim de 2013. A despedida, aliás, foi outro momento marcante: um desfile obscuro e dramático, com direito a um carrossel gigante. Neste cenário, uma profusão de vestidos de renda preta dividia espaço com uma modelo que trazia o corpo grafitado com o nome da grife.
Glamour nada óbvio
A justificativa de sua saída da LV? Tempo para se dedicar mais às suas grifes autorais. Em 2014, portanto, o designer lançou campanhas com celebridades como a cantora Miley Cyrus e a atriz Jessica Lange, que se tornou a nova face da Marc Jacobs Beauty, a linha Marc Jacobs maquiagem.
Tratava-se de um novo momento da história da marca, em que Jacobs superava uma complicada fase de dependência de drogas, que se arrastou pelos anos 90. Depois de Kate Moss ter dado seu toque heroin chic às criações do estilista nos anos 90, era a vez de Jacobs virar a página.
Além das mudanças no campo pessoal, ele reinventou a imagem de suas grifes, apostando forte nas bolsas Marc Jacobs e na linha de óculos Marc Jacobs Eyewear.
Seu estilo pessoal, aliás, muitas vezes composto por ousadas saias masculinas, aparece em coleções de um glamour nada óbvio – exemplificado com perfeição pelos vestidos Marc Jacobs e traduzido especialmente nas parcerias firmadas entre o designer e artistas como Courtney Love e Lady Gaga, que desfilou para grife em 2016.
É difícil saber o que o designer inventará no futuro, mas suas criações prometem continuar levando esse DNA inegavelmente Marc Jacobs.